A coragem, força de vontade e perseverança, nos fazem vencer as maiores dificuldades.
terça-feira, 13 de maio de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
domingo, 13 de abril de 2014
Usar ou não a calculadora na aula de matemática?
Kátia Stocco Smole - Cordenadora do Mathema
Cristiane Akemi Ishihara e Cristiane R. Chica - Cordenadoras do NUTEC
Não utilizo a calculadora nas minhas aulas, pois receio que seja prejudicial para o desenvolvimento de habilidades de cálculo.
Qual a opinião de vocês a respeito disso?
M.N.P. - Minas Gerais
Assim como você muitos professores apresentam argumentos para a não introdução da calculadora nas aulas de matemática: "Os alunos deixam de saber fazer contas", "Tornam-se dependentes da máquina", "Calculam mecanicamente sem pensar", ... Podemos notar que tais argumentos fundamentam-se na preocupação e defesa do cálculo como componente essencial do ensino e aprendizagem da matemática, uma vez que o ensino da matemática caracteriza-se ainda por um excessivo peso nas chamadas contas, onde o desenvolvimento da capacidade básica de cálculo, a memorização e manuseio das técnicas parece ser o fio condutor das aulas ao longo dos diferentes anos de escolaridade.
É comum a preocupação dos professores com o fato de que os alunos, se usarem a calculadora, fiquem dependentes dela para resolver operações e problemas mas pensemos nos seguintes pontos antes de prosseguirmos:
- Os alunos hoje, sem o uso constante da calculadora, são bons em cálculo?
- Quando usamos a calculadora, quem faz a parte técnica é a calculadora, mas a quem cabe a decisão sobre qual operação realizar?
Antes ainda de prosseguirmos em nossa resposta, acione o ícone da calculadora e realize a seguinte atividade utilizando-a:
"Paula gosta de usar números grandes. Quando perguntaram sua idade, ela respondeu que já viveu 7.358.400 minutos. Quantos anos Paula já viveu? (considere um ano com 365 dias). E você quantos minutos já viveu?"
Você pode dizer que fez essa atividade mecanicamente? A calculadora "pensou" por você?
Pois bem, em nossa opinião o uso da calculadora não impede os alunos de pensarem matematicamente, muito pelo contrário.
Também achamos que não cabe mais discutir se devemos ou não usar a calculadora nas aulas de matemática, mas refletir sobre como usa-la para auxiliar os alunos a aprenderem mais matemática e ampliarem seu pensar matemático.
Da mesma forma, não está em causa a eliminação nos programas de todas as técnicas de cálculo, nem muito menos, afirmar que o cálculo não é importante e que não deva ser parte integrante da matemática escolar. O que está em causa é a importância e prioridade do cálculo e a forma de se desenvolver esse componente da matemática.
Menos técnica, mais pensamento:
O uso da calculadora poderá provocar uma redução no cálculo escrito e mecanizado, mas será socialmente preocupante um aluno dos nossos dias não encontrar, com a mesma rapidez que um aluno de há 20 anos, o quociente de um número de 7 algarismos por um número de 4 algarismos, utilizando unicamente lápis e papel? A destreza de cálculo nessa técnica numa situação como esta, contribuirá para reforçar a compreensão da operação? Acreditamos que não, entretanto poderá ser preocupante se o aluno, observando o dividendo e o divisor, não conseguir ter mentalmente uma ordem de grandeza do quociente, aliás, temos visto que há muitos alunos que nunca usaram a calculadora, para os quais 30 : 3 = 1!
Não é preocupante a diminuição do cálculo escrito e das técnicas tradicionais que pode em alguns casos acontecer, se pensarmos que o uso da calculadora realizado de uma forma consciente traz implícito o desenvolvimento do cálculo mental e da estimativa.
Perde-se em habilidades mecânicas, mas ganha-se em compreensão da realidade dos números - do seu sentido na vida e nos problemas, da sua ordem de grandeza,... - e ganha-se no sentido crítico face a esses mesmos números, enquanto resultado das operações em que possam estar envolvidas.
Desenvolver o sentido de número e capacidades como o cálculo mental e a estimativa são objetivos do cálculo que ficam extremamente valorizados com a introdução da calculadora. Isso porque consideramos que desenvolver um sentido sobre números é muito mais que fazer contas, é construir uma rede de idéias, esquemas e operações conceituais que levem o aluno a utilizar esses conceitos em uma ampla variedade de situações.
Uma nova forma de encarar o cálculo possibilita novas abordagens numéricas, através de atividades que permitam ao aluno tirar todo o partido do uso da calculadora, podendo investigar propriedades, verificar possibilidades de manipulação, tomar decisões em contextos variados, tendo como efeito importante e decisivo o desenvolvimento de uma atitude de pesquisa e investigação nas aulas de matemática.
Para que os alunos não fiquem dependentes da calculadora, nem a sub utilizem, é necessário que aprendam a usá-la de forma correta, utilizando as possibilidades abertas pelas memórias, teclas das operações e funções diretas, porcentagens e raiz quadrada, só para falar das calculadoras simples; do ponto de vista pedagógico, incentivando o seu uso problematizado, refletido e crítico de forma a permitir a cada momento, analisar a razoabilidade dos resultados que a calculadora vai fornecendo, fomentar o registro, sempre que necessário, dos passos intermediários do desenvolvimento das estratégias, para que possam analisar possíveis alterações a serem feitas em seus procedimentos de resolução de um problema.
Podemos dizer que a calculadora estimula a atividade matemática:
- Na construção de conceitos
A discussão sobre o cálculo que passa a ser possível fazer com o uso da calculadora, vem enriquecer a construção de muitos conceitos como, por exemplo, os de número, operações, regularidades, propriedades, entre outros, e possibilitar uma melhor compreensão das operações envolvidas, de forma natural, nesse trabalho numérico. - Na resolução de problemas
A resolução de problemas com a calculadora permite a construção e valorização da matemática, representando um espaço de mobilização de diferentes saberes possibilitando o desenvolvimento de capacidades e atitudes formativas face à matemática e à vida.
A calculadora vem abrir novas dimensões a essa atividade, aliviando o peso dos cálculos que a resolução de um problema geralmente transporta e permitindo ao aluno centrar-se no seu processo de resolução.
Encarar situações-problema ligadas à vida e a dados reais ganha, com a presença da calculadora, um lugar mais importante na educação matemática, porque os alunos podem, sem risco de serem sufocados por cálculos sem fim, pesquisar, organizar e gerir os dados com muito maior facilidade e rapidez. - Na organização e gestão de dados:
A presença da calculadora vai permitir que os alunos com menor domínio das técnicas básicas de cálculo não fiquem impossibilitados de viverem, por causa disso, todo o processo de formulação e resolução de problemas (desenvolvendo nesse processo técnicas alternativas que lhe permitirão superar essas dúvidas). Além disso, a possibilidade dos alunos poderem trabalhar mais problemas devido à rapidez com que os cálculos são efetuados é real, assim como a possibilidade que se abre para fases do problema geralmente negligenciadas, que se prendem com a discussão do resultado, verificação da correção da estratégia utilizada e possíveis generalizações.
É importante ressaltar a contribuição da calculadora na diversificação das estratégias de resolução de problemas incentivando conjeturas, experimentações, verificações e formulação de novas hipóteses, o desenvolvimento de métodos próprios de resolução baseados, por exemplo, em de tentativa-erro, que têm muito a ver com as novas abordagens numéricas já comentadas.
Embora estejamos conscientes de que a calculadora não é indispensável para a prática de resolução de problemas, estamos convictos que ela vai permitir mais e melhores problemas, integrados em situações mais ricas.
Para concluir, podemos dizer que quando usada de modo planejado, a calculadora não inibe o pensar matemático; pelo contrário, tem efeito motivador na resolução de problemas, estimula processos de estimativa e cálculo mental, dá chance aos professores de proporem problemas com dados mais reais e auxilia na elaboração de conceitos e na percepção de regularidades. A utilização da calculadora humaniza e atualiza nossas aulas e permite aos alunos ganharem mais confiança para trabalhar com problemas e buscar novas experiências de aprendizagem.
Para saber mais:
[1] FEY, J.T., HIRSCH, C.R.
Calculators in Mathematics Education 1992 Yearbook. NCTM, 1992.
[2] Parâmetros Curriculares Nacionais 1º, 2º, ciclos do Ensino Fundamental - Matemática. SEF/MEC, Brasília, 1997.
[3] Parâmetros Curriculares Nacionais 3º, 4º, ciclos do Ensino Fundamental - Matemática. SEF/MEC, Brasília, 1998.
Calculators in Mathematics Education 1992 Yearbook. NCTM, 1992.
[2] Parâmetros Curriculares Nacionais 1º, 2º, ciclos do Ensino Fundamental - Matemática. SEF/MEC, Brasília, 1997.
[3] Parâmetros Curriculares Nacionais 3º, 4º, ciclos do Ensino Fundamental - Matemática. SEF/MEC, Brasília, 1998.
Artigo disponível em: http://www.mathema.com.br/default.aspurl=http://www.mathema.com.br/mathema/resp/calculadora.html
Imagem disponível em: http://www.naoligo.com/kkk/2012/10/usando-a-calculadora/
domingo, 30 de março de 2014
Apresentação
Olá amigos. Sou professora de
Matemática, uma disciplina vista como crítica no Processo de Ensino. Estou na
busca de ferramentas educacionais que contribuam para o bom aprendizado dos
meus alunos, de forma significativa.
Leciono na rede púbica há alguns anos.
Uma das escolas em que atuo é a Escola Municipa Luís Lindenberg.
A construção desse blog tem por objetivo
contribuir para com a educação. Trazendo ideias e atividades.
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